Por David Moisés
Mesmo que você seja um “startupeiro” cercado de Millennials, sabe que a força da natureza logo vai chamá-los aos prazeres e deveres da parentalidade. Então aqueles temas de ambiente de trabalho e de equilíbrio entre vida pessoal e profissional ganham complexidade.
As empresas nos EUA perdem em média US$ 1.150 anuais por mãe ou pai trabalhador(a) com queda de produtividade e receita, assim como com custos de rescisão e novos recrutamentos. Isso dá um total de US$ 13 bilhões, segundo relatório publicado em setembro de 2018 pela ONG Ready Nation.
Por questões relacionadas às suas crianças, 63% desses colaboradores já tiveram de sair do trabalho mais cedo algum dia, 56% chegaram tarde no trampo, 55% nem foram e 54% ficaram distraídos em suas tarefas na firma, diz o estudo. Esses números mudam quando as empresas adotam políticas como horário flexível e reembolso de despesas com creche ou babá, por exemplo.
Melhora de índices
No caso da filial brasileira da seguradora Tokio Marine, a melhoria naqueles índices refletiu numa queda da rotatividade de funcionários, de 21% em 2011 para 9,8% em 2017, segundo estudo da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e da United Way. O índice médio de rotatividade naquele setor é de 14,9%.
Se o custo da rotatividade varia entre 50% e 200% do salário anual de um empregado, a queda nesse índice representa um grande benefício, capaz de zerar a conta dos investimentos em apoio às mães e pais. Mas os benefícios vão além.
Quando sentem que seus filhos estão bem cuidados, com apoio da empresa, os colaboradores tendem a se sentir e se relacionar melhor no ambiente de trabalho, a valorizar e admirar a companhia, a se engajar mais na produção, tanto pela possibilidade de se concentrar quanto pela disposição de retribuir o apoio recebido, tendem a faltar menos e a manter o contrato por mais tempo. Além do ganho de produtividade e da retenção de talentos, essas políticas atraem bons profissionais e também clientes.
Cada companhia tem suas especificidades, e pode adotar benefícios de acordo com elas. Há aquelas que ampliam o tempo das licenças maternidade e paternidade, incluindo casos de adoção; há também creches (próprias, conveniadas ou reembolso) e berçários, espaços para lactação e para crianças na empresa, flexibilidade de jornada e de local de trabalho etc.
Informação e orientação
Mas há uma política que precisa ser adotada em todos os tipos de empresas: a informação e a orientação de mães e pais. Seja numa linha de produção industrial ou num coworking de programação de games, genitores de diferentes idades e fases de experiência precisam de suporte para compreender suas funções e, assim, cuidar melhor das crianças.
Cada um cria seus filhos como quer, sem dúvida, mas todo mundo precisa de informação sobre o desenvolvimento infantil e, principalmente, a relação do cuidado diário com a qualidade desse desenvolvimento. Não é fácil saber como lidar com os perrengues da rotina de modo que a molecada possa crescer sem tantas neuras, saudável nas suas capacidades emocionais e intelectuais.
Adultos que cuidam bem das suas crianças tendem a enfrentar menos problemas relacionados à saúde e ao comportamento delas. Esforçam-se muito, claro, mas colhem maior tranquilidade. Para isso, precisam saber coisas simples, como a importância de ler, cantar, conversar com os pequenos, olhar nos olhos, tocá-los com afeto, e também coisas mais complexas, como dar limites e lidar com birras ou revoltas de um modo benéfico.
Newsletters, TV corporativa, aplicativo mobile, cursos e oficinas etc, são meios de levar essas informações e orientações aos colaboradores-cuidadores. A prática ainda é rara, mas o impacto é certeiro. E os inovadores nesse front podem, sim, pensar em ocupar um bom lugar no ranking das melhores empresas para trabalhar.
David Moisés
Co-autor do livro Prepare as Crianças para o Mundo, jornalista e mestre em Ciência Política, organiza palestras e oficinas sobre o desenvolvimento infantil integral.
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