Saúde mental e desempenho: Professora da USP explica relação com cultura organizacional

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Segundo um estudo do Gympass, o retorno de investimento em iniciativas de bem-estar, revela que a performance das empresas e a saúde dos funcionários estão diretamente conectados. A pesquisa é baseada em um levantamento com mais de 2.000 líderes de Recursos Humanos que estão investindo no bem-estar no trabalho em nove países, incluindo Brasil, Estados Unidos e Reino Unido.

Segundo a Dra. Thaís Zerbini, Fundadora e Coordenadora do Laboratório de Psicologia Organizacional e do Trabalho da Universidade de São Paulo (USP), um profissional bem qualificado e capacitado é primordial, mas a longo prazo, são as condições de trabalho e a cultura organizacional que regulam a motivação do indivíduo, gerando impactos diretos no desempenho e na saúde mental do colaborador.

Desempenho e saúde mental

Veja o bate-papo com a Dra. Thaís Zerbini, Fundadora e Coordenadora do Laboratório de Psicologia Organizacional e do Trabalho da Universidade de São Paulo (USP):

“Antes de falarmos diretamente sobre saúde mental, é importante falar sobre desempenho. Porque o desempenho está muito relacionado à performance, alcance de resultados e metas. As pessoas têm que alcançar determinados objetivos, mas não param para pensar a que custo, e quando vai ver, ela (pessoa) está em um estado de adoecimento muito difícil de reparar. Então precisamos entender primeiro, principalmente as empresas e gestores, o conceito de desempenho.”
Fatores do desempenho

A especialista em psicologia organizacional explica que o desempenho é determinado por fatores múltiplos, como as competências do colaborador, as condições de trabalho e a motivação individual.

“O desempenho excelente é composto por três aspectos: primeiramente pelas competências do trabalhador, o que chamamos de “saber fazer”. Em segundo, são as condições de trabalho, o que envolve todas as condições que existem na organização: como apoio da chefia, suporte dos colegas, recursos materiais e por aí vai. O terceiro aspecto é a motivação no trabalho, algo que as pessoas confundem muito com atitudes, que podem ser treinadas.”

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Impacto da cultura organizacional adoecida

Dessa forma, organizações que vivem um contexto de adoecimento e condições de trabalho inadequadas, dificilmente alcançam a máxima performance e desempenho dos colaboradores.

Veja o trecho da entrevista:

“Então o que acontece: eu posso ser um excelente profissional e ter ótimas competências para exercer a função, mas se eu não tenho as condições de trabalho adequadas, se me falta apoio do meu chefe para aplicar no trabalho as ações que eu desenvolvi em um treinamento, se me falta apoio para desenvolver um novo produto e criar algo novo para a organização, o meu desempenho não será bom.”

“Então você pode ser um excelente médico, mas se naquele hospital ou naquele ambiente você não tem os medicamentos para atuar, se você está sobrecarregado de trabalho, se você não tem períodos de descanso, se você não tem uma rotatividade de plantões ou profissionais suficiente na equipe, obviamente, o desempenho do profissional em algum momento vai falhar. Mas não porque ele é um profissional ruim, mas porque ele não teve as condições de trabalho adequadas. Essa situação recai na motivação do profissional.”

Motivação e desempenho

A longo prazo, um contexto organizacional adoecido reduz o engajamento no trabalho: “quando vamos fazer o diagnóstico correto, observamos que a falta de motivação não é a causa da redução do desempenho, mas sim a consequência”, contextualiza Thaís.

“Pense em uma pessoa que está há 10, 15, 20 anos trabalhando no mesmo local sem perspectiva de desenvolvimento profissional, sem as devidas condições de trabalho, recebendo aquém do mercado de trabalho, sem autonomia, sem flexibilidade no trabalho… é óbvio que aquele funcionário que quando ingressou na empresa e era um ótimo funcionário, uma hora vai se desmotivar por conta das condições de trabalho inadequadas.”

Como melhorar

Em um contexto organizacional de desmotivação, a especialista defende que as mudanças muitas vezes só irão acontecer se partirem internamente da cultura organizacional: “na verdade, o que deveria ser ajustado naquele ambiente de trabalho são as próprias condições de trabalho”, declara.

“As pesquisas de saúde organizacional mostram nos últimos 70 anos, que a falta de motivação é responsável por menos de 5% dos casos de desempenho ruim. O que explica o bom desempenho, são as condições de trabalho. Então se a pessoa não atinge o nível de competências ideais mas tem um apoio para adquiri-las, até isso vai melhorar o desempenho dela. Por isso é tão importante que exista esse apoio (boas condições de trabalho) para que as pessoas não adoeçam.”

A consequência de um trabalho mal planejado, de uma gestão não transparente, extremamente rígida e que trabalha com metas sem discutir isso com os trabalhadores, que trabalha com resultados incompatíveis com a situação do país, fatalmente ela vai ter profissionais adoecidos no futuro e muitas vezes esses trabalhadores continuam atuando mesmo adoecidos.”

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Turnover e presenteísmo

Além de desencadear fenômenos como turnover, o impacto de uma cultura organizacional adoecida pode também gerar fenômenos como: “presenteísmo, que é a pessoa estar no local de trabalho, mas não trabalhar”, explica a Dra. Thaís Zerbini.

É importante destacar que para especialistas em Recursos Humanos o presenteísmo, é não representa uma má índole ou caráter falho do funcionário, ou seja, não é um caso onde a pessoa se recusa a trabalhar.

Entretanto, há um distanciamento mental do colaborador que o impede de alcançar o seu máximo desempenho mesmo que ele esteja presente fisicamente na organização. Em muitos casos, o funcionário em questão está trabalhando adoecido e o seu caso não é diagnosticado e nem tratado.

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Comunicação Interna e saúde mental

Segundo a especialista, a Comunicação Interna e a promoção de iniciativas voltadas para a saúde mental estão interligadas: “as organizações que se preocupam com o desempenho da equipe e da organização, irão prestar mais atenção na questão da promoção de saúde e fazer questão de mostrar isso para os trabalhadores”, contextualiza.

Atualmente, a promoção de saúde e bem-estar nas empresas tornou-se um diferencial para a atração e retenção de talentos, principalmente quando se trata de atrair os jovens talentos das empresas.

Nesse contexto, a Comunicação Interna é aliada dos programas de promoção da saúde mental e do bem-estar dos colaboradores, já que a área mantém os funcionários informados sobre as iniciativas promovidas pela organização: “então esse processo de Comunicação Interna é fundamental para que os trabalhadores saibam que eles estão amparados de alguma maneira e podem solicitar ajuda”, explica Zerbini.

Os canais de Comunicação Interna da organização são fundamentais para conectar a empresa e os colaboradores, proporcionando assim um espaço onde os funcionários podem interagir de forma ativa com colegas e a chefia: “para isso acontecer, a Comunicação interna é muito importante para os funcionários terem canais de comunicação, poderem dar sugestão, terem acesso fácil à chefia”, destaca.

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